Duas realidades: da praia à capital

Saio de casa e não cheira a maresia. O barulho do mar passou a buzinas e barulho de veículos. Não saio de casa de pijama para ir à mercearia mais próxima e já não vou “num instante ali, seja de que forma for”. Não porque não posso, mas porque não me sinto confortável

Há dois meses e meio rumei à capital. Já tinha ‘saído de casa da mãe’ há um ano e meio mas agora “era a sério e longe”. Ouvi várias versões, muitas perspetivas e, na verdade, não sei com qual me identifico mais. Somos todos diferentes e acabamos por, consoante a forma como vemos as coisas e o local onde estamos inseridos, sentir tudo de forma diferente.

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Do outro lado do medo

Acomodaste-te. Não ponderas que do outro lado do medo e do comodismo exista alguma coisa melhor para ti.

Deixaste que um sentimento cómodo tomasse conta de tudo aquilo que alcançaste. Preferes uma rotina, onde acontece sempre o mesmo, com as mesmas pessoas, o mesmo objetivo e as mesmas expetativas, só porque não sabes o que virá. Limitas-te, a ti e aos que te rodeiam, só porque tens medo. Deixas escapar oportunidades sem sequer dares conta de que elas estão ali, porque preferes o garantido ao novo. Continue a ler “Do outro lado do medo”

Dia da Mulher

Hoje é só mais um dia para festejar o sexo feminino, as conquistas, as derrotas, as alegrias e tudo aquilo que cada um de nós, enquanto ser humano e racional, considera ser “O Dia da Mulher”.
Continua e continuará a valer a pena celebrar este dia enquanto passarmos na rua e formos assediadas de forma absurda, enquanto olharem para nós com inferioridade e pensarem que somos apenas “algo”. Somos algo, de facto. Mas não somos “algo” que se usa e deita fora, não somos “algo” que se pode desrespeitar, não somos os “rabos de saia” que só porque se arranjam e têm um jantar se estão a meter a jeito, como tantas vezes ouço. Não deixamos de ser seres humanos, seres racionais, com coração, com deveres, é certo, mas acima de tudo com DIREITOS.

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“Depois…”

Combinamos um café. Um lanche ou até um jantar. Mas somos os eternos aprendizes que em qualquer altura dizemos: “Depois vejo se posso”, “Depois combinamos”, “Depois digo-te alguma coisa”, “Depois…”, “Depois…”, “Depois…” e entretanto os anos passaram e ficaram cafés por tomar, jantaradas por fazer e até palavras por dizer porque nos intervalos que a vida nos deu estivemos preocupados em dizer “depois”. Continue a ler ““Depois…””

Um pesadelo real, 15.10.2017

O tempo congelou, parou-se no tempo mesmo com ele a correr.

Entrou-nos o fogo pela casa. Não bateu à porta. Não pediu licença. Entrou como se da sua casa se tratasse. No ar viam-se fagulhas e nuvens de fumo. Não víamos nada muito nítido e o pouco que se via estava invadido por chamas. Fogo. Cada vez mais perto.
Cheirava a queimado. Ao queimado que outrora nunca havia cheirado. De forma tão intensa que se tornou duradoura. Continue a ler “Um pesadelo real, 15.10.2017”

Cruzei-me com a fé…

Sinto que cruzei o meu caminho com a mais pura definição de fé e crença.

Não sei se foi por mero acaso que nos cruzámos e que ficámos quase 45 minutos à conversa ou se precisava de ouvir o testemunho de alguém crente, com fé e fiel aos seus princípios para confiar um bocadinho mais em mim, para conseguir meter a mão na consciência e perceber, mais uma vez, que quando queremos conseguimos tudo. Entre a espada e a parede, com um aneurisma cerebral, teve que tomar uma decisão de vida ou de morte (entre ser ou não operada). Continue a ler “Cruzei-me com a fé…”

O eterno Amor pelo Lis

Voltei às ruas da cidade que apesar de não ser minha a sinto como tal.

Redescobri que todos os caminhos vão dar à Sé e que, mesmo sem se comentar, toda a gente sabe onde é a rua direita (que na verdade é tudo menos direita…).
Voltámos à rotina dos cafés com “os amigos da faculdade”. Às noites em que recordamos o primeiro dia, as primeiras percepções mas onde pensamos no futuro e tentamos arranjar respostas para as eternas perguntas de um futuro profissional. Senti de novo a confusão de “mudar de casa”. Mais uma casa, um quarto, mais pessoas, mais oportunidades, mais tudo… Até dores de cabeça! Continue a ler “O eterno Amor pelo Lis”

É tão certo ir como voltar…

Todos os domingos regresso à cidade do coração onde vivo cinco dias por semana e onde durante dois anos e meio criei a maioria dos detalhes da minha vida: amigos, colegas, espaços, casa e milhões de memórias.
Hoje é sexta-feira e já cheguei… Ao colo da mãe, ao quente de casa e ao cheiro a maresia. Aos desentendimentos porque “não” e aos mimos porque “sim”. Às refeições de fim de semana que estragam o cuidado com a alimentação (nos restantes dias da semana) mas que nos fazem sentir, na íntegra, os mais mimados e sortudos do mundo. Às confissões e desabafos de tudo o que acontece entre domingo e sexta que contados através do telemóvel se tornam estranhos e é complicado. Continue a ler “É tão certo ir como voltar…”